O
mal acomete um número considerável de grávidas e pode trazer consequências
também para o bebê. Felizmente, é possível assumir as rédeas do problema. Veja
como:
A
combinação entre muito sal na dieta, sedentarismo e maus hábitos em geral
deflagra uma doença que atinge de 5
a 7% das grávidas brasileiras. Trata-se da hipertensão
gestacional, um problema que pode comprometer a saúde e a vida da futura mamãe
e a do bebê.
A
hipertensão gestacional é uma complicação que acompanha entre 5 e 7% das
grávidas brasileiras. O aumento da pressão é um mal que pode comprometer a
saúde e a vida tanto da mãe quanto do bebê. Alberto D’Auria, médico obstetra e
diretor do Hospital Maternidade Santa Joana, na capital paulista, é taxativo:
“Maus hábitos e alimentação desequilibrada. Aí está a origem de praticamente
todos os problemas de saúde”. Para ele, ainda, o aumento da pressão durante a
gestação se inclui nessa sentença.
Patrícia
Miziara Montalvão, 26 anos, advogada, é um exemplo de como a união de maus
hábitos alimentares pode ser fatal. Ela não poupou seu paladar, sempre voltado
para comidas salgadas, durante a gestação, não fez restrições alimentares e não
praticava atividades físicas, até mesmo porque nunca apresentou problemas de
peso. Patrícia estava no sexto mês da sua primeira gravidez quando, num exame
de rotina de pré-natal, constatou o aumento da pressão. Entre idas e vindas ao médico,
picos da pressão de até 18/11 e várias tentativas em controlá-la com
medicamentos, ela chegou ao limite entre a vida e a morte. Patrícia mora em
Santa Maria do Tocantins e teve que ser levada às pressas para Brasília. A
médica que a recebeu se assustou com seu estado: ela estava muito inchada e,
assim que foi internada, começou a ter convulsões. O parto foi induzido algumas
horas depois: “Quando tiraram Ana Letícia e junto a placenta, na hora minha
pressão se normalizou”, conta Patrícia. “Mas não apontaram a placenta como a
única causa da hipertensão. Tive uma gravidez tumultuada, com muito estresse e
hábitos alimentares péssimos. Tinha desejo por tomate cru com sal todos os
dias!”
Entenda
o que é a hipertensão gestacional, os motivos que caracterizam a doença e saiba
o que você deve fazer para se prevenir.
1. O que é a hipertensão na gravidez?
O
aumento da pressão sanguínea diagnosticado durante a gestação em mulheres que
nunca haviam antes demonstrado o problema é classificado como doença hipertensiva
específica da gestação (DHEG). Esse é um dos distúrbios mais comuns em grávidas
e se apresenta de duas formas: como pré-eclâmpsia e eclâmpsia.
A
pré-eclâmpsia é o aumento da pressão arterial acompanhada da eliminação de
proteína pela urina. Normalmente, essa complicação começa depois da 20ª semana
de gravidez. Quando não tratada adequadamente, pode culminar na própria
eclâmpsia, a reta final da doença. Ela se caracteriza pela pressão muito
elevada escoltada de outros sintomas mais graves, como convulsões e inchaços.
Nesse estágio da DHEG, a vida da mãe e do bebê entra em risco.
2. Quais são as causas da hipertensão na
gravidez?
Não
existe uma única causa. Há o consenso de que o problema é resultado, entre
outras coisas, da má adaptação do organismo materno a sua nova condição. Outros
motivos são a alimentação desequilibrada, com o excesso de sal, e o
sedentarismo. “Mas os principais agravantes da hipertensão são mesmo os hábitos
alimentares, embora o começo do problema esteja na formação da placenta”,
explica o obstetra Alberto D’Auria.
3. Quais os sinais de que o problema está
se tornando preocupante?
Além da
pressão sanguínea muito alta, dores de cabeça e abdominais, escotomas (visão
comprometida com pontos brilhantes) e inchaço em todo o corpo indicam que o
quadro da gestante é sério e merece cuidados médicos de pronto.
4. Dá para controlar a doença sem
medicação?
Depende.
Para isso, é preciso ficar de olho na alimentação e no ganho de peso. A dieta,
por exemplo, deve ser rica em ácido fólico, já que esse nutriente tem ação vaso
dilatadora, e pobre em sal, o gatilho para o disparo da pressão. Se mesmo com
esses cuidados a pressão teimar em subir, aí os remédios anti-hipertensivos
costumam ser necessários.
5. Mulheres que já tinham pressão alta antes
da gravidez devem tomar cuidados extras?
Sim.
Quem já era hipertensa deve, junto com o cardiologista e o ginecologista,
estudar soluções para assumir as rédeas do problema durante a gestação. Muitas
vezes, os especialistas optam por trocar o anti-hipertensivo que a mulher já
tomava por outro medicamento da mesma classe e mais indicado para esse período.
E, claro, é preciso redobrar os cuidados com o aumento do peso e a alimentação.
Outra providência é aumentar a suplementação de ácido fólico. As futuras mamães
que já tinham hipertensão antes de engravidar não se enquadram nos casos de
doença hipertensiva específica da gestação (DHEG), que, como o próprio nome
entrega, geralmente se restringe a esse período. No entanto, a partir do
momento em que a pressão não para de subir, os sintomas e os procedimentos
adotados pelos médicos são similares aos da pré-eclâmpsia e da eclâmpsia.
6. Existe um perfil de mulheres que
desenvolvem a hipertensão gestacional?
Mulheres
que engravidam tardiamente costumam ter maior chance de desenvolver o problema
– cerca de 14% delas. “De modo geral, são mulheres que trabalham muito e
esperaram a estabilidade para engravidar. Por isso também são mais estressadas,
sofrem muita pressão e, comumente, ingerem muito café. Esse é um público cativo
da hipertensão na gestação”, relata o obstetra D’Auria. A pré-eclâmpsia também
tem maior incidência na primeira gravidez e, do mesmo modo, “gestações
múltiplas têm grandes chances de desenvolver o problema”.
7. A pré-eclâmpsia pode prejudicar a
formação do bebê?
A saúde
do pequeno não é comprometida quando a mãe está com a pré-eclâmpsia. Mas, se
não for tratada, e a gestante chegar ao estágio de eclâmpsia, o risco da perda
da criança é alto.
8. Quais são os comprometimentos para a
mãe?
Quando
a pressão não consegue mais ser controlada com o auxílio de remédios e os
outros sintomas da eclâmpsia estão evidentes, não existe outra saída: o
nascimento do bebê precisa ser acelerado com um parto induzido. Caso contrário,
o pequeno e a mãe correm o risco de morte. “É importante considerar que 75% dos
óbitos por hipertensão arterial na gravidez têm como causa a eclâmpsia”, alerta
D’Auria.
Patrícia
Miziara é mais uma vez o exemplo desse extremo. Ela chegou ao hospital com a
pressão em 16/11 e extremamente inchada mesmo depois de duas semanas tentando
diversos anti-hipertensivos. Assim que foi internada, vivenciou as primeiras
convulsões, típicas da eclâmpsia. “Se tivesse esperado mais seis horas para
realizar o meu parto, segundo a médica, teria perdido meu bebê e a minha vida”,
conta Patrícia. Ela sobreviveu e não precisou sequer ficar hospitalizada. Já
Ana Letícia, sua pequena, ficou na UTI por mais três meses, lutando para
sobreviver.
9. Quem teve hipertensão na gravidez tem
maior chance de ter pressão alta ao longo da vida?
“Qualquer
doença durante a gestação é um indício de uma predisposição. É uma ilusão
pensar que o surgimento de algumas complicações seja totalmente aleatório”, diz
D’Auria. “A exemplo disso estão os números do diabete gestacional. Cerca de 20%
das mães desenvolvem a doença depois da gravidez”, completa. É comum em
pacientes que desenvolveram a doença hipertensiva específica na gravidez tenham
a pressão normalizada ou pelo menos reduzida logo em seguida ao parto. Mas,
ainda assim, em muitos casos elas continuam com o anti-hipertensivo por cerca
de 40 dias
Fonte:http://bebe.abril.com.br
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